Ser zen é “estar ativo em tranqüilidade e
tranqüilo em atividade”, ensina Buda. Esse é apenas um dos inúmeros
princípios da escola soto zen do budismo japonês, fundada no século 13,
que podem facilitar muito a vida de quem está sempre agitado, beirando o
estresse.
“Zen virou um adjetivo para
caracterizar pessoas calmas, distraídas ou boas demais. Mas não é esse o
sentido verdadeiro do termo. Ser zen é estar sempre atento e desperto
para viver cada momento, cada problema, cada sensação
como se fosse a primeira vez, agindo de maneira sempre nova. O que
causa o estresse é justamente não perceber que tudo é recriado a cada
instante e que cada gesto simples — acordar, comer, tomar água, ir ao
trabalho —, embora pareça sempre igual, toma uma nova forma todos os
dias. Para o zen a repetição não é enfadonha, mas criativa”, ensina o
monge Daiju, do Mosteiro Zen do Morro Vargem, em Ibiraçu, Espírito
Santo.
Estar atento a tudo que se
faz, ter respeito por todos os seres vivos e estar consciente de que
tudo no mundo é interligado são algumas das principais lições zen e não é
necessário ser monge para praticar isso a todo momento. “Você pode ser
zen no trabalho,
no trânsito, no supermercado. Por exemplo, em vez de fechar o carro da
frente, peça passagem. Em vez de fazer tudo com o piloto automático
ligado, viva cada instante prestando atenção em seu corpo,
seus pensamentos, sua respiração. Isso é ser zen”, diz a monja Coen, da
tradição soto zen, fundadora da comunidade zen-budista de São Paulo.
“Cada atitude, mesmo as mais simples,
pode ser uma meditação. Pois, se bastasse ficar sentado e imóvel durante
muitas horas, os sapos seriam os seres mais iluminados do Universo!”,
diz, brincando, o monge Daiju e completa: “Não devemos ser passivos
diante das coisas, mas é importante fazer pausas que acalmem a mente
para podermos ter clareza ao agir. É impossível ver o reflexo da lua em
águas turbulentas”.