Luciana Alvarez
Do UOL, em São Paulo
Usados há milênios pelos chineses e recomendados por praticamente todas
as avós, os chás são excelentes diuréticos, ajudam a esquentar no
inverno e a refrescar no verão. Mas cada sabor, seja de ervas, plantas
ou raízes, possui propriedades únicas, atuando na saúde e no bem-estar
de diferentes formas.
“Podemos usar os chás para aquecer nosso corpo e enfrentar o resfriado e
a gripe, melhorar processos de ansiedade, nervosismo e insônia. E
também no caso de problemas digestivos leves, como azia, má digestão,
enjoo, gases, ressaca por excesso de bebida alcoólica ou alimentos
gordurosos”, afirma Sabrina Jeha, herborista e proprietária da Sabor de
Fazenda.
Embora diversos chás já tenham seus benefícios comprovados pela
ciência, eles não devem ser confundidos com medicamentos, nem se deve
esperar deles resultados milagrosos. “Eles ajudam em certos tratamentos e
servem como um complemento. Seus efeitos terapêuticos também variam de
pessoa para pessoa, dependendo da sensibilidade”, explica Mirela
Douradinho Fernandes, nutricionista da Naturalis.
Ela também recomenda atenção à hora da ingestão: “Os chás com cafeína,
como o mate, o preto e o verde, devem ser evitados após as 18 horas para
não atrapalhar o sono. Já os de ervas calmantes podem deixar a pessoa
sonolenta durante o dia, portanto o melhor é consumi-los perto da hora
de dormir”.
Quando a intenção é tomar um chá para ajudar a digestão, o melhor é
consumi-los mornos, meia hora antes de se comer. “Fiz uma pesquisa de
campo e constatei que os chás para melhorar a digestão são os mais
procurados. Mas o ideal é tomá-los um pouco antes da refeição, pois
assim as ervas já vão ativando todos os sucos digestivos”, afirma
Sabrina Jeha.
Para obter o máximo do seu chá, também é importante prestar atenção à
qualidade das ervas e à forma de preparo. “O ideal é que se compre a
planta seca em farmácias de manipulação”, aconselha Priscila Mathias,
nutricionista do Grupo Panizza e membro da Conbrafito (Conselho
Brasileiro de Fitoterapia). Porém, comprar as ervas frescas também é uma
boa pedida. Os chás vendidos em sachês nos mercados perdem grande parte
do sabor e das propriedades porque as plantas são excessivamente
trituradas.
Não é preciso estar doente ou ter algum problema de digestão para tirar
proveito da bebida. “Os chás aromáticos, sem efeitos medicinais, também
têm seu valor pela degustação”, afirma Eliza Tomee Harada, engenheira
agrônoma e proprietária da Oficina de Ervas.
Formas de preparo
Os chás de ervas aromáticas, de plantas ou partes de estrutura frágil,
como folhas e flores, devem ser preparados com uma infusão. Isso
significa despejar água fervente em uma xícara com uma colher de
sobremesa da erva e, em seguida, abafar o recipiente por dez minutos.
“Não é aconselhável ferver a água juntamente com as ervas, pois as
essências poderão evaporar, causando a perda de sabor e poder
medicinal”, afirma Priscila Mathias.
Já para os chás feitos a partir de raízes, cascas e sementes, a
recomendação é ferver a planta por no mínimo cinco minutos e abafar por
dez. Esse processo se chama decocção. O tempo de fervura deve ser maior
quanto mais dura for a parte da planta usada. A quantidade deve ser uma
colher de chá da planta para cada xícara de água.
Uma terceira forma de extrair os princípios ativos das ervas é pelo
processo de maceração. Deve-se picar bem a erva fresca ou amassá-la com
um pilão, despejar sobre ela água em temperatura ambiente e deixar
descansar por cerca de 20 minutos. É uma boa técnica para usar com
hortelã e boldo de jardim.
Seja feito por infusão, decocção ou maceração, nunca se deve consumir
um chá mais de 24 horas depois do seu preparo, pois ele começa a sofrer o
processo de fermentação. Outras duas sugestões da nutricionista: não
adoçar os chás, pois o açúcar, adoçante o mel interferem no efeito
terapêutico; e evitar usar utensílios de metal. Louça, barro ou esmalte
conservam melhor as propriedades dos chás.
http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2012/07/16/chas-aquecem-o-corpo-e-aliviam-o-mal-estar-conheca-as-propriedades-de-alguns-tipos-de-infusao.htm