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sábado, 28 de fevereiro de 2009

ADEUS OBESIDADE


ÉPOCA conversou com pessoas que mudaram radicalmente seus hábitos de vida para voltar a ter saúde. Elas tinham um quadro de obesidade mórbida tão grave que poderiam morrer, mas tiveram força para lutar contra o problema
Laura Lopes

A obesidade é uma doença crônica e epidêmica – atinge 11% da população adulta brasileira, segundo dados do Ministério da Saúde. Mesmo que consiga emagrecer, a pessoa terá de passar o resto da vida cuidando da alimentação e de olho na balança. Não é fácil para um obeso tomar a decisão de perder peso. Como o tratamento de qualquer compulsão, é necessário acompanhamento psicológico, além de uma equipe interdisciplinar de médicos, já que o corpo inteiro é afetado pelo peso exagerado. As doenças que acompanham o quadro de obesidade são hipertensão, diabetes, má circulação, sobrecarga de todo o organismo, irritabilidade, depressão e outros distúrbios psicológicos. Confira, abaixo, histórias de pessoas que encararam o problema de frente, combateram-no e hoje se sentem muito mais seguras e felizes. A antropóloga Sílvia Regiani e o vendedor Cid Loureiro carregam a bandeira contra a discriminação de obesos e dão apoio aos brasileiros que sofrem da mesma doença.
Sílvia M. Bonini Regiani é antropóloga e autora do livro Mulhersegura.com, que já está na segunda edição. O site do livro recebe 3 milhões de acessos por mês
“Emagreci 102 quilos em quatro anos. Obesidade mata e todo mundo acaba recorrendo ao método mais rápido, que é a cirurgia de redução de estômago. E, no caso das mulheres, é mais difícil emagrecer porque o metabolismo é mais lento. Mas eu tive que quebrar essa barreira. E tomei essa decisão porque não queria mais ser discriminada.

 Divulgação
Silvia, no auge de sua obesidade (à esq.), quando pouco se deixava fotografar e hoje, com um sorriso de verdadeira felicidade e segurança no rosto
Venho de uma família boa de mesa, mas ninguém me mandava comer quatro pratos numa única refeição – quem passou dos limites fui eu. Em 2003 eu estava com 180 quilos, em estado de coma do diabetes e ainda tinha hipotiroidismo. No meu caso, comer significava morrer. Eu não tinha outra saída a não ser me reeducar. Primeiro, pensei em fazer cirurgia, mas o médico disse que não podia me operar porque meu organismo não ia aguentar. Ele me deu de quatro a seis meses de vida. Eu tinha só 27 anos. Comi a vida inteira e iria morrer por causa disso?

No fundo, eu sabia que ele estava certo. Não caminhava uma quadra sem ficar ofegante, tinha problema para abaixar e amarrar o sapato, irritabilidade, dor de cabeça... Até eu entender o que estava acontecendo, demorou muito tempo. O obeso não é feliz. Ele come sentimento, não comida. A obesidade é uma droga.

Eu, que comia dois quilos de comida no almoço, uma pizza gigante e dois litros de refrigerante no jantar, voltei para casa pensando se ia me matar ou me tratar. Mas não queria me tratar. “Como vou me tratar se a única coisa que me restou é comer?”, eu pensava. Desde pequena sou obesa, agressiva e ninguém nunca parou para me escutar – por isso, vivia me defendendo. Eu pensei em três maneiras de me matar, uma delas era ir ao supermercado, fazer o último jantar e tomar veneno. Comprei uma latinha de Neocid, um veneno de pulga. Tomei tudo e não aconteceu nada. Dormi muito e acordei que nem uma santa. Acordei ótima – fazia tempo que não dormia tão bem porque sofria de insônia e síndrome do pânico. Então resolvi criar vergonha e me tratar.

Aos 21 anos tive câncer de mama, causado pela obesidade. Há três anos, tive um AVC (acidente vascular cerebral) e perdi 75% da visão do olho esquerdo. Em que Sílvia eu havia me transformado, quem eu era? Eu precisava buscar essa resposta e tinha que pôr o dedo na ferida para vencer a doença. Quando fui ao endocrinologista, ele me montou um cardápio de 1200 calorias diárias. No começo não foi fácil. Eu fazia meu prato, sentava, rezava e começava a chorar. Isso durou nove meses. Comecei a caminhar 250 metros de manhã porque não aguentava mais do que isso. Hoje percorro diariamente 8 quilômetros entre caminhada e corrida. Depois de um mês, tinha emagrecido cinco quilos. Os primeiros 13 foram por causa do remédio para a tireóide. Depois, só no regime. Entrei para a natação e comecei a praticar dança flamenca. Hoje estou com 67 quilos, 1,81 metro e 33 anos. Devo chegar a 64 quilos porque, se engordar 10, não ficarei ruim. Se chegar aos 80, posso voltar a me descontrolar.

No meio do tratamento você fracassa, erra... Percebi que eu mesma tinha feito isso comigo. Mas consegui provar que, com atividade física, endocrinologista, psiquiatra e sem remédio é possível. E além de tudo, produzo menos lixo. Passei a ter relações sociais. Antes, eu me escondia, quando não agredia alguém. Meu amor por mim me salvou. Se hoje meus órgãos funcionam bem, é lógico que terei uma estética bonita. Antes, eu me escondia da vaidade. Hoje, sempre tenho um sorriso no rosto.”


http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI62260-15257,00-ADEUS+OBESIDADE.html