Problemas de saúde relacionados ao consumo de alimentos com trigo,
aveia, cevada e centeio não são sinônimo de doença celíaca – patologia
autoimune que afeta o intestino delgado de adultos e crianças
geneticamente predispostos e que é precipitada pela ingestão de
alimentos com glúten. Há milhões de pessoas no Brasil e em todo mundo
que, apesar de não terem diagnóstico de doença celíaca, apresentam
alergia (ou sensibilidade) ao glúten sem saber. Estimativas apontam que a
sensibilidade ao glúten afeta um número de pessoas entre seis e sete
vezes maior do que a doença celíaca, cuja prevalência é de cerca de 1%
da população.
O caso da carioca Solange Lins, 54 anos, é um exemplo de como a
sensibilidade não diagnosticada ao glúten pode afetar a vida de uma
pessoa por décadas. Cheia de problemas de saúde desde criança, ela
procurou em 2010 a nutricionista funcional Noadia Lobão, depois de
assistir uma palestra dela sobre problemas relacionados ao glúten. Na
primeira consulta, ela contou que havia entrado na menopausa
bruscamente, estava engordando, tomando antidepressivo e ainda assim se
sentia muito prostrada. Também relatou problemas de vitiligo, tireóide,
queda de cabelo, hipoglicemia, hipertensão e dor de cabeça.
A nutricionista desconfiou logo de que poderia haver relação entre os
problemas relatados e o consumo de glúten. Assim, ela pediu que a
paciente procurasse um médico de sua confiança para que este
diagnosticasse se as causas de seus sintomas era a doença celíaca. O
médico solicitou os exames exames, mas estes não acusaram a doença.
Como a paciente continuava a apresentar uma série de sintomas,
principalmente cansaço, dor de cabeça, hipoglicemia reativa, problemas
circulatórios e gastrointestinais, a Dra. Noadia, com o aval do médico,
passou uma dieta sem glúten para Solange, e em menos de uma semana ela
sentiu uma melhora de todos os problemas que há anos a incomodavam. Em
um e-mail enviado para a nutricionista, ela diz: “substitui os alimentos
e estou me sentindo muito bem, como não me sinto há não sei quanto
tempo. Troquei, por exemplo, o pão pelo biju, pela mandioca; etc. Não
estou sentindo falta de nenhum alimento”.
Alguns meses depois a nutricionista pediu que Solange voltasse a
comer alimentos com glúten para que ela fizesse o exame genético de
doença celíaca. Solange seguiu a orientação da Dra. Noadia, que
desejava, juntamente com o médico, descartar de vez a possibilidade de
ela ter a doença. Porém, dois dias depois de voltar a consumir glúten, a
paciente começou a se sentir muito mal, como se sentia antes da dieta
de restrição alimentar. Em e-mail enviado para a nutricionista, ela diz
que acha que não vai aguentar esperar o exame. Solange pediu, então, a
opinião do seu medico, que a aconselhou a suspender imediatamente o
consumo de glúten. Desde então, tratada pela nutricionista functional e
pelo médico homeopata, sem comer mais nada que contenha glúten, ela vem
se sentindo bem melhor.
Abaixo,
entrevista com Solange Lins:
Que problemas de saúde você apresentava antes de começar a excluir o glúten e perceber melhoras?
R: Tenho 54 anos e desde a adolescência venho sofrendo e buscando
tratamento para uma série de doenças autoimunes como: constipação
intestinal, diarreia, vitiligo, hipertireoidismo, alopecia,
hipoglicemia, cistos, anemia, depressão, insônia, desânimo, entre
outros.
Antes da orientação recebida no sentido de excluir o glúten, você tinha o hábito de incorporá-lo à alimentação diária?
R: Sim. O glúten sempre esteve presente na maioria das minhas refeições.
Ao longo de sua vida, desde a sua infância, o que os médicos
falavam a respeito dos problemas que você apresentava? Nenhum deles
chegou a suspeitar de sensibilidade ao glúten?
R: Eles sempre tratavam as doenças de forma isolada e nenhum suspeitou da sensibilidade ao glúten.
O que a levou a procurar uma nutricionista funcional? Foi por
meio dela que você soube que o seu problema podia estar relacionado à
ingestão de glúten?
R: Fui à Dra. Noadia Lobão depois de assistir uma de suas palestras,
onde ela falou de coisas que eu sentia e não conseguia melhorar com
medicamentos. E foi por meio dela que descobri a relação dos meus
problemas com o glúten. Com a maioria dos médicos nem toquei no assunto,
pois os conhecia e sabia que não concordavam nem com a ingestão de
suplementos receitados por nutricionista. Só falei com meu homeopata,
que concordou com o diagnóstico e me apoiou.
Como foi a sua reação à dieta sem glúten?
R: Iniciei imediatamente o tratamento, pois precisava fazer algo para
melhorar, não aguentava mais viver doente. Deixei de comer coisas que
não vivia sem, como: bolos, pães, biscoitos, entre outros. Mas estava
feliz por ter a esperança da melhora.
E hoje, como você está se alimentando? E como tem se sentido?
R: Hoje não como nada que contenha glúten, faço sempre substituições.
Me sinto ótima, a indisposição que me acompanhava acabou, e a nutrição
funcional passou a fazer parte da minha vida.
Fonte:
http://noadialobao.wordpress.com/2012/01/19/sensibilidade-ao-gluten-atinge-um-numero-de-pessoas-sete-vezes-maior-do-que-a-doenca-celiaca/